DESENCONTRO
Como um vencido a ti pedir clemência
Meu coração eu lhe entreguei partido
Chorava-me este corpo na demência
N’um desatino deste amor vivido
Doía então minh’alma, a dor sem fim
Feito uma adaga que traspassa o peito
Cirros fortes desciam sobre mim,
Você dormia, inerte, no teu leito!!
Mas nem assim toquei teu coração
E o desespero, meu, foi todo em vão
Feito andarilho, errante, então parti,
Como quem volta à tumba do desgosto
Correndo o sangue em lágrimas no rosto
Num desespero que eu jamais senti
Sérgio Márcio Carvalho.
Por vezes procurasse uma clemência
Embora tantas vezes me iludisse
A vida na verdade não predisse
O quanto se marcasse em coerência,
O vento toma toda a imprevidência
E gera o que perdura em tal mesmice
Ditames deste amor, velha mesmice,
A sorte não é mera coincidência...
Esparramando versos pelas ruas,
Ao menos esperanças tu cultuas
E sabes do sentido amanhecer,
Despudoradamente o tempo corta,
E a solidão expressa a luta, morta,
Tomando num momento todo o ser...
Gilberto de Freitas.
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